Silvio Pereira poupa Lula em depoimento à CPI dos Bingos

A oposição está usando todos os recursos retóricos possíveis, mas ainda não conseguiu arrancar do ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, nenhuma declaração que comprometa o governo ou o presidente Luiz Inácio Lula da

O ex-secretário geral do PT Sílvio Pereira procurou isentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de qualquer responsabilidade pelo esquema do valerioduto e do mensalão.

"Não acho que o presidente Lula esteja sendo blindado. Lula é isso aí, um grande líder deste País. Nunca o vi fazer nada de errado", afirmou ele em depoimento na CPI dos Bingos, nesta quarta-feira.

Os senadores de oposição tentaram, em vão, arrancar qualquer declaração de Pereira que pudesse comprometer o presidente Lula no esquema de corrupção que atingiu nomes do PT e de integrantes do governo.
Silvinho disse que falava de política em geral quando comentou ao jornal O Globo sobre quem comandava o PT, ao explicar sobre a mudança que teria ocorrido no partido depois que passou a ser governo.
Na entrevista ao jornal, publicada no domingo, dia 7, a afirmação soava como uma denúncia de que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia do esquema de arrecadação de recursos por meio do empresário Marcos Valério.

Pereira também  sugeriu que a jornalista Soraya Aggege foi desonesta ao transformar o diálogo que teve com ela numa entrevista.

"Eu nunca me reuni com empresários. Sempre fui da organização. Quem mandava? Quem mandava eram Lula, Genoíno, Mercadante e Zé Dirceu. Eu não estava à altura desse time", disse ele, segundo o jornal.

Hoje, ele esclareceu que sua declaração foi mal interpretada. "Disse que essas pessoas foram as lideranças do PT até a chegada ao governo."

Comando político

O senador Magno Malta (PL-ES), perguntou: "O presidente Lula é malandro?". "Não, em hipótese alguma", respondeu o ex-dirigente petista, repetindo a resposta em relação aos outros três, Dirceu, Mercadante e Genoino. Segundo Silvinho, são essas as pessoas mais importantes na história política do PT.
Ele disse na entrevista que naquele momento Palocci ainda não era uma grande liderança do partido. Em nenhum momento Pereira especificou de que ano falava, mas o contexto deu a entender que ele se referia ao ano de 2002. "Eu disse que na época Palocci não tinha o peso deles."
O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), insistiu para que ele explicasse porque não estava à altura do grupo, mas Pereira não respondeu à pergunta e disse que estava tentando explicar um pouco da história do PT, como foi a entrada do Genoino no comando do partido, do racha que ocorreu no PT e do qual ele fez parte.
Ele negou também, ao responder o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que fizesse parte de um esquema para a criação do Banco Popular, de um grande jornal e de uma emissora de TV pelo PT. "Em hipótese alguma eu tive conhecimento deste projeto", afirmou.

No PT

Questionado pelo relator sobre ter dito que se colocar à disposição do presidente do PT para falar o que sabia dentro do partido, Pereira respondeu que realmente se colocou à disposição para falar no PT. Disse que Berzoini respondeu a ele que precisava reconstruir a vida dele.
Pereira contou que perguntou a uma amiga jornalista se ele tinha prejudicado alguém com a entrevista ao Globo. "Eu não queria prejudicar ninguém, nem meus amigos nem meus inimigos", disse.
Contou um novo episódio da conversa com a jornalista Soraya Agege, em que ela teria dito que ele tinha "pano para manga". Ele respondeu que não entendeu o que ela queria dizer com a afirmação.
Em seu depoimento, Pereira mostrou-se confuso, disse que não lera a entrevista que dera ao Globo. Por causa desta informação, o presidente da CPI, Efraim Moraes, resolveu ler a íntegra da entrevista.

Silvinho –como era chamado pela cúpula do PT– negou hoje que tenha sido procurado por emissários do governo que teriam a intenção de calá-lo. Negou também que tenha conversado hoje com Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula.

Tarso: governo não está preocupado

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse há pouco que o depoimento do ex-secretário geral do PT Silvio Pereira "não interessa ao governo". Para ele, na entrevista dada ao jornal O Globo, Pereira deixou claro que a influência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no partido nada teria a ver com o esquema de arrecadação ilegal de recursos.

"Portanto, o Silvio Pereira não é problema do governo", afirmou Genro. "Até porque ele (Silvio Pereira) deixou claro que o governo resistiu a qualquer tentativa de envolvimento. Não permitiu que os negócios saíssem. E que o presidente Lula nada tinha a ver com o assunto."

Em entrevista no intervalo da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o ministro das Relações Institucionais disse que o presidente da República não está preocupado com o depoimento de Silvio Pereira na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos.

Para Genro, questões relacionais à influência de Lula no PT são sempre apresentadas de forma descontextualizada. "Tem algum inocente no país que achava que o presidente Lula não tinha influência no partido? Ele sempre teve. Tanto que é o nosso presidente da República. Agora, nada ele tem a ver e, o próprio Silvio Pereira disse, com os fatos mencionados."

Da redação,
com informações das agências