Metalúrgicos definem estratégia diante de crise na Volks
Sindicalistas vão visitar, durante esta semana, as cinco plantas da montadora Volkswagen no Brasil. O objetivo é conscientizar os metalúrgicos sobre os danos provocados pelas possíveis demissões anunciadas pela direç&atil
Publicado 09/05/2006 18:29
“A partir desses encontros serão traçadas estratégias de resistência. Não descartamos a possibilidade de greve se for necessário. Usaremos todas as nossas formas de luta”, enfatizou Luiz Carlos Dias. “Essa situação nada mais é de que um ataque neoliberal partindo de uma empresa privada que não conseguiu atingir sua meta por meios governamentais e agora tenta via direitos trabalhistas.”
Na última sexta-feira (05) o Comitê lançou um manifesto repudiando as demissões. O documento diz que os trabalhadores não podem mais sofrer os resultados de crises pelas quais não têm a menor responsabilidade. “Queremos o direito de trabalhar em paz, com dignidade e respeito. Nossa luta é pelo desenvolvimento e por justiça”, conclui o manifesto.
Confira a íntegra do texto.
Manifesto dos trabalhadores na Volkswagen do Brasil contra as demissões
Os representantes sindicais dos trabalhadores nas várias plantas da Volkswagen no Brasil repudiam as 5,7 mil demissões anunciadas pela multinacional alemã e condenam as medidas que a empresa quer tomar para precarizar as relações de trabalho.
Reunidos no dia 5 de maio, em São Bernardo, São Paulo, os representantes sindicais selaram o compromisso de unir todos os esforços para resistir e lutar contra os ataques da montadora.
Esse ataque não atinge apenas os trabalhadores que agora estão diretamente ameaçados pelo desemprego. Ele fere a dignidade de todos os brasileiros.
O argumento da Volkswagen de que seus problemas de produção e competitividade no Brasil advém da desvalorização do dólar é insuficiente para explicar o tamanho do desmonte que ela pretende em suas fábricas. A postura da empresa é, na verdade, parte de uma onda de reordenamento de sua produção em nível mundial. É sabido que além das demissões aqui, outras 20 mil demissões estão anunciadas em seu país de origem, além do fechamento de uma fábrica na Espanha, com o consequente corte de 1,5 mil postos de trabalho.
Aqui no Brasil não serão perdidos apenas os 5,7 mil empregos que a montadora quer cortar em sua reestruturação. Há toda uma rede envolvida na produção automobilística, que responde por uma parcela significativa do PIB brasileiro. São 27 setores industrias diretamente ligados à produção de um veículo.
Cada emprego na montadora corresponde a 47 empregos na cadeia produtiva. Dessa forma, o total de pessoas potencialmente afetadas pelas demissões, se considerados todos os 27 setores, chega a 245 mil trabalhadores. Considerados seus familiares são cerca de 660 mil pessoas.
O desastre não pára aí. Após as demissões, a Volkswagen quer cortar 25% de custos de pessoal. Isso significa a precarização de direitos trabalhistas, a redução de salários e a instabilidade no ambiente de trabalho.
Desta forma, as pretensões da fábrica trazem consequências negativas para nações e regiões inteiras nos aspectos econômico como no social.
O trabalhador, seja qual for sua nacionalidade, não pode mais sofrer os resultados de crises pelas quais não têm a menor responsabilidade.
São por estas razões que estamos unidos e comprometidos em não permitir que nos tirem nosso mais valioso bem.
Diante da repercussão negativa que o fato provocará, os trabalhadores na Volkswagen conclamam toda a sociedade para se unir conosco nessa batalha. Queremos apenas o direito de trabalhar em paz, com dignidade e respeito. Nossa luta é pelo desenvolvimento e por justiça.
São Bernardo do Campo, 5 de maio de 2006
Comitê Nacional dos Trabalhadores na Volkswagem
Sindicatos de Metalúrgicos e Comissões de Fábrica dos Trabalhadores na Volkswagen no ABC, Taubaté, São Carlos, Resende e Curitiba