Petrobras não crê em aumento imediato e descarta sair da Bolívia
O diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, acredita que os preços do gás boliviano não devem ter reajuste imediato, apesar da nacionalização do gás e petróleo decidida pelo governo Evo Morales. Sauer também neg
Publicado 03/05/2006 11:42
Atualmente, o Brasil paga US$ 3,23 por milhão de BTUs (Unidade Térmica Britânica, na sigla em inglês; cada BTU equivale a 26,8 metros cúbicos de gás), como parte de um contrato de abastecimento de 30 milhões de pés cúbicos diários, em vigor desde 1999.
No exterior preço é 2,5 vezes maior
"No exterior, o valor do gás natural é de US$ 7,5 a US$ 8 por milhão de BTUs”, informa Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo.
“Talvez não tenhamos uma elevação do preço nestes níveis, mas é certo que o valor por unidade será elevado nas renegociações de contratos que ocorrerão a partir de agora com o governo boliviano", diz o pesquisador. A Petrobras, porém, acredita que não haverá aumento durante os 180 dias que o decreto boliviano estabelece para negociações com as transnacionais petroleiras.
O vice-presidente boliviano Alvaro García Linera previu um aumento de "no mínimo US$ 2" por milhão de BTUs. A informação foi publicada no jornal boliviano El Deber.
Eventual aumento não chegará ao consumidor
O diretor da Petrobras disse também que a estatal brasileira não repassará para os preços no Brasil um eventual aumento. O repasse é uma impossibilidade técnica: os contratos da Petrobras com as distribuidoras que vendem o gás aos consumidores no Brasil já tratam do preço do gás e de seus critérios para reajuste. Segundo explicou em entrevista ao Jornal da Globo, a estatização promovida por Evo Morales prejudicou a relação entre a Petrobras da Bolívia e a YPFB, mas não a relação entre a YPFB e a Petrobras no Brasil, que compra o gás boliviano.
Ildo Sauer lamentou o decreto boliviano. "A decisão de aumentar a tributação e de nacionalizar 50% mais uma das ações representa uma mudança, para pior, das relações econômicas entre a Petrobras e a Bolívia. Vamos usar todos os instrumentos jurídicos para garantir os interesses da empresa", afirmou Sauer, que participou da reunião com Lula nesta terça-feira (2).
Com agências