Tiradentes: símbolo da luta pela liberdade e soberania

Ao comemorarmos neste dia 21 de abril, dia de Tiradentes, jamais podemos esquecer de seus principais ideais, o de libertar o Brasil do jugo colonial de Portugal, e de tornar o Brasil uma nação livre e soberana.

por Saulo Rodrigo Bastos Velasco

Em 21 de abril de 1792, Tiradentes é enforcado no Rio, esquartejado e declarado infame até a terceira geração, devido à Conjuração Mineira de 1789. Seus pedaços são expostos no caminho das Minas, a cabeça em Vila Rica. Sua casa é demolida, no seu lugar ergue-se um "padrão de infâmia". O império destrói o padrão mas não reconhece o herói. Só com a República o 21 de abril passa a ser o dia da luta pela independência nacional.1
Ao comemorarmos neste dia 21 de abril, dia de Tiradentes, jamais podemos esquecer de seus principais ideais, o de libertar o Brasil do jugo colonial de Portugal, e de tornar o Brasil uma nação livre e soberana. E quando falamos em soberania, talvez tenhamos que recorrer ao dicionário para confirmar o seu verdadeiro sentido, então vamos conferir – Soberania: caráter ou qualidade do que é soberano, autoridade suprema sobre uma extensão territorial -.2

Soberania esta que ousamos defender, mas está sendo ultrajada por setores submissos aos interesses internacionais. Em 2002 elegemos um governo comprometido com as transformações necessárias a por o Brasil em um patamar de desenvolvimento, geração de emprego e renda e valorização do trabalho. Infelizmente a conjuntura nos aprontou uma peça, o que permeia nos meios de comunicação e o senso comum são assuntos como ética na política, corrupção, políticos desonestos, entre outros, é óbvio, são temas que a opinião pública não deve se furtar em preocupar-se.
Ora, também sabemos que a história do Brasil é repleta de exemplos absurdos praticados pelas elites que dominaram o país desde a conquista dos portugueses, agora a grande mídia, partidos políticos comprometidos com os interesses internacionais e representantes do conservadorismo tentam ludibriar o povo com um denuncismo rasteiro. Nunca na história da república brasileira governo algum cortou a sua própria carne com o governo Lula. Onde estão os "Silvérios dos Reis" atuais? Estes traidores da pátria estão todos soltos e se aninham no ninho tucano-pefelista pousando de pequenas e inofensivas aves, mas não passam de aves de rapina a serviço do atraso, das oligarquias, da miséria e da águia de Bush.  
Após duzentos e quatorze anos do assassinato de Tiradentes, grande mártir da Conjuração Mineira, nos encontramos em uma encruzilhada como a da época, ou "a liberdade ainda que tardia"3, ou continuávamos colônia. Hoje, ou continuamos avançando com governo Lula, exigindo que sejam realizadas as mudanças necessárias, abrindo caminho para um novo pacto nacional em prol de um país soberano. Não podemos fugirmos a luta neste momento delicado. O perigo é a revanche da direita com a sua tese ultraliberal de privatizações, retomada da formação do Estado mínimo, criminalização das luta sociais e a volta das negociações para efetivação do plano da Alca. É preciso interromper as tentativas de retrocesso e exigir o avanço nas mudanças.
A escolha de Alckmin aponta para um programa nitidamente neoliberal, sem maquiagens ou disfarces. A vitória de um candidato com esse perfil tanto para o processo de mudanças que ocorre no Brasil quanto da América do Sul teria um efeito demolidor. Este fato eleva a responsabilidade das forças patrióticas, populares e democráticas e, em especial da esquerda, para enfrentar e vencer essa ameaça de retorno aos piores momentos de neoliberalismo dos anos 90 – ameaça representada pela candidatura de Alckmin. Ou derrotamos o espelho de FHC que representa o atraso, a submissão, a subjugação, ou estaremos condenados a sofrer com projeto defendido por FHC, por Serra, pos ACM, por Alckmin e pelos seus comparsas.
O outro caminho desta difícil encruzilhada é o caminho de continuar avançado nas conquistas e trabalhar para a construção de uma nova carta para os brasileiros que reafirme os compromissos de mudanças assumidos pelo presidente Lula e que nos leve a um novo patamar de crescimento para o país, com soberania, projetos de desenvolvimento econômico e social, garantindo aos trabalhadores, emprego e melhores condições de vida.
Esse caminho necessita de algo fundamental, ou seja, colocar abaixo a máscara neoliberal, derrotando os seus representantes nas urnas e afirmando ainda mais a dignidade da nação. Os partidos de esquerda, os setores progressistas, democráticos e patriotas de todos os costados, tem um grande desafio, que é o de assegurar a confiança do povo em torno das transformações.

Elejamos então o mineiro Tiradentes como símbolo de luta contra a paralisia que a oposição de direita tenta impor ao governo, e aceleráramos na elaboração de um documento conjunto dos partidos da esquerda "responsável" contribuindo para definição da Nova Carta ao Povo Brasileiro, com sinalizações nítidas no rumo do avanço das mudanças.
"Saulo Rodrigo Bastos Velasco é professor de História e Sociologia do

Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul e assessor sindical do Sindicato dos Empregados no Comércio de Caxias do Sul 
NOTAS:
1- Trecho extraído da Agenda "Brasil Outros 500" – Editora Anita Garibaldi – São Paulo – 2000.

2- Magno – Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.

3- Frase defendida pelos participantes da conjuração: Libertas quae sera tamen, ou seja, Liberdade ainda que tardia.