Brasil conquista a auto-suficiência em petróleo
Em abril deste ano, o país conquistou a auto-suficiência em petróleo. Isso significa que o país já produz mais do que consome, não sendo mais uma nação altamente dependente de petróleo importado como antes e, portanto, sup
Publicado 21/04/2006 11:35
Para manter essa condição, a Petrobras atuou em projetos de produção de grande porte, incrementando o desenvolvimento da indústria e a abertura de mais postos de trabalho, como na construção e operação da nova plataforma de exploração P-50, no campo de Albacora Leste, no litoral do Rio de Janeiro.
Há décadas um dos maiores orgulhos da indústria nacional e uma das maiores empresas do mundo, a Petrobras vem desenvolvendo ao longo destes 52 anos de existência uma tecnologia avançada, principalmente na prospecção em águas profundas. Nos últimos três anos houve um volume recorde de investimentos: R$ 68 bilhões, sendo R$ 25,7 bilhões em 2005. Há uma previsão de investimentos de mais R$ 38 bilhões em 2006. Neste contexto, o governo federal também reestruturou a Secretaria de Petróleo e Gás para ampliar a capacidade de refino nacional com a modernização das refinarias.
O navio-plataforma P-50 vai contribuir com o incremento de 12,4% da produção nacional em relação ao ano passado. Assim, a produção da média de 2006 deverá situar-se em 1 milhão e 910 mil barris diários, acima da demanda nacional.
Exportação
Os reflexos da conquista da auto-suficiente são altamente positivos para a economia brasileira, principalmente se comparados aos números das décadas de 70, 80 e 90, época em que o país precisava importar grandes volumes do produto, com elevados gastos de divisas. Hoje, ao contrário, a Petrobras é exportadora líquida de petróleo e derivados.
Em 2005 o crescimento da produção contribuiu positivamente para a nossa balança comercial, com exportação líquida de petróleo e derivados de 58 mil barris por dia. Em comparação com 2004, as exportações de petróleo aumentaram 46% e as de derivados cresceram 6%, enquanto as importações de petróleo e derivados caíram 22% e 19%, respectivamente. Com o aumento da produção em 2006, a Petrobras deverá registrar um superávit de US$ 3 bilhões em suas transações internacionais, contribuindo ainda mais para o saldo positivo da balança comercial do País.
"Não concordo com os que criticam a decisão da Petrobras de exportar o excedente produzido. De que a empresa tem que estocar o produto. O Petróleo brasileiro é pesado, ácido. Por isto mesmo o país precisa importar óleo leve para fazer a mistura no processo do refino", diz. "Quanto ao futuro, há vários estudos que indicam que o petróleo será substituído não pelo seu esgotamento físico, mas sim por problemas de preço e competitividade quando comparadas a outras alternativas energéticas, inclusive menos poluentes".
Entretanto, o diretor da EPE ressalta que não é realista achar que o objetivo da auto-suficiência é tornar o Brasil um país exportador: isto é uma conseqüência dela. Sendo auto-suficiente é preciso conviver com o fato de que estaremos exportando um certo percentual da produção. Mas será a viabilidade econômica do poço que determinará o ritmo da produção e, conseqüentemente, do volume a ser exportado".
Em seu entendimento seria um mau negócio vender o excedente do petróleo bruto extraído no país em sua composição natural, em razão do baixo valor do produto no mercado internacional. "É preciso refinar e agregar valor a este petróleo. A Petrobras deveria voltar esforços para a produção de gasolina especial e diesel de melhor qualidade voltados para o consumo norte-americano – onde a legislação ambiental é mais rigorosa neste aspecto. Caso contrário estaria fazendo um mau negócio".
Executivo responsável por pensar a estratégia energética nacional, Tolmasquim reafirma que "a estratégia de atuação como uma empresa integrada de energia deve ser estendida também à área de refino. Isto, aliás, já está acontecendo com a aquisição da refinaria no Texas. É brilhante: você leva petróleo pesado do Brasil, de pouco valor agregado (adicionado), e refino petróleo de boa qualidade para colocar no mercado norte-americano. A PDVSA (a estatal venezuelana do petróleo) já adota esta estratégia: possui várias refinarias fora do país, inclusive nos Estados Unidos".
Plataformas
O desafio da auto-suficiência em petróleo contou também com a decisiva entrada em operação das plataformas P-43 e P-48, no complexo Barracuda-Caratinga, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A P-43 foi lançada em 13 de outubro de 2004, enquanto a P-48 entrou em atividade em janeiro de 2005. Já a P-50, com investimentos da ordem de US$ 634 milhões, é a plataforma com a maior capacidade de processamento da Petrobrás, podendo produzir até 180 mil barris diários de petróleo.
Logo primeiro semestre deste ano, a produção de petróleo da Petrobras deverá superar os níveis de consumo interno, com a previsão média anual de 1 milhão e 910 mil barris diários. Esse patamar será sustentável e ampliado com o desenvolvimento de 35 grandes projetos, nos próximos cinco anos, entre os quais se destacam:
2006: Plataforma P-34, com 60 mil barris/dia, Campo de Jubarte, Bacia de Campos; SSP-300, 20 mil barris/dia, Campo de Piranema, Sergipe; Golfinho Fase Um, 10 mil barris/dia, Campo de Golfinho, Bacia do Espírito Santo.
2007: RJS-409 Campo de Espadarte, 100 mil barris/dia, Bacia de Campos; Golfinho Fase Dois, 10 mil barris/dia, Campo de Golfinho, Bacia do Espírito Santo; Plataforma P-52, 180 mil barris/dia, Campo de Roncador, Bacia de Campos; Plataforma P-54, 180 mil barris/dia, Campo de Roncador.
2008: Plataforma P-51, 180 mil barris/dia, Marlim Sul, Bacia de Campos – Plataforma P-53, 180 mil/dia, Marlim Leste.
2009: Campo de Frade, 100 mil barris/dia, Bacia de Campos – Golfinho (EES-156), produção a ser definida.
2010: Golfinho FPSO 3, em fase de definição – Plataforma p-57, 180 mil barris/dia, campo Jubarte – Plataforma P-55, 180 mil barris/dia, Roncador, Campos – Campo de Albacora, fase complementar, produção a ser definida, Campos.
Da Redação
Com Agência Brasil e Em Questão