Cuba celebra 45 anos da proclamação do socialismo na Ilha
No mesmo lugar onde há 45 anos foi proclamado o caráter socialista de sua Revolução, Cuba reafirmou que persistirá em seu projeto político, econômico e social em que pese as permanentes agressões e ameaças dos E
Publicado 16/04/2006 10:05
Cuba comemorou neste domingo o 45º aniversário da declaração de Fidel Castro do caráter socialista da revolução.
Com a notável ausência de Fidel, veteranos dos combates da Baía dos Porcos e comandantes históricos celebraram um ato na "esquina 23 e 12". Em 16 de abril de 1961, Fidel reconheceu, nesse local, e pela primeira vez, o caráter socialista da revolução.
Ali, um dia depois dos bombardeios aos aeroportos de Havana e Santiago de Cuba, e na véspera do desembarque de cerca de 1.400 exilados treinados pela CIA, Fidel Castro, então com 35 anos, discursou e pediu o uso da armas para defender a revolução que havia triunfado dois anos atrás, em 1º de janeiro de 1959.
21 tiros foram disparados às 16h locais (mesma hora da proclamação há 45 anos) da fortaleza San Carlos de La Cabaña sobre a Baía de Havana.
No que Cuba comemora como "a primeira grande derrota do imperialismo na América Latina", a Brigada 2506 desembarcou em 17 de abril de 1961 na Praia Grande e Praia Girón (Baía de Cochinos), a 200 km de Havana, e foi derrotada após 72 horas de combates, que deixaram 161 mortos entre os homens de Castro e 107 entre os expedicionários.
"Por isso que não podem nos perdoar, porque estamos aqui em frente ao seu nariz, e porque fizemos uma revolução socialista no nariz dos Estados Unidos", disse o líder no enterro dos primeiros sete mortos dos bombardeios.
Fidel Castro exalta com freqüência o caráter "irrevogável" do socialismo no sistema político cubano. Mas há cinco meses, o líder, que em agosto completará 80 anos, pediu uma mudança de rumo, advertindo que não se pode deixar que o desvio ético e as ilegalidades corroam a sociedade e o sistema comunista da ilha.
"Este país pode se autodestruir, esta revolução pode se autodestruir, os que não podem destruí-la são eles (os EUA), mas nós sim", alertou no discurso, no qual inclusive evocou a possibilidade de sua morte.
Revendo as medidas de abertura aplicadas para enfrentar a crise após a queda, em 1991, do bloco soviético, Fidel empreendeu uma guerra contra os "perdulários" e os "novos ricos" que se nutrem do mercado negro e da área dolarizada da economia.
"Hoje a batalha decisiva é contra a corrupção e o vício. Tudo isso que pode levar a revolução a uma situação crítica. É preciso tomar medidas para não cair nos erros do bloco socialista", disse Jesús Domínguez, 68 anos, um dos veteranos que estiveram presentes às comemorações neste domingo na "23 e 12".
Apesar dos problemas inerentes ao desenvolvimento de qualquer sistema político, Cuba conseguiu construir nestes 45 anos uma das sociedades mais pacíficas, instruídas e socialmente bem assitidas da América Latina.
Ainda nesta semana, A Organização Mundial de Saúde divulgou, em seu último relatório, que Cuba tem a maior expectativa de vida América Latina.
Da redação
Com informações da AFP