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Ex-gerente da Nossa Caixa diz que governo Alckmin orientava publicidade
O ex-gerente de marketing da Nossa Caixa Jaime de Castro Júnior depôs hoje no Ministério Público paulista e responsabilizou o presidente do banco, Carlos Eduardo Monteiro e o ex-presidente Valderi Albuquerque pelo gasto irregular de R$ 4
Publicado 12/04/2006 23:20
O ex-gerente de marketing da Nossa Caixa Jaime de Castro Júnior confirmou, em depoimento ao MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) nesta quarta-feira (12/4), que seria comum a Assessoria Especial de Comunicação dar "orientações" sobre a aplicação das verbas de publicidade do banco.
No mês passado, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que deixou o cargo para disputar a Presidência, aceitou pedido de exoneração de seu então assessor-chefe de Comunicação, Roger Ferreira. Ele pediu demissão após a Folha de S. Paulo ter publicado a informação de que de seu e-mail partiram pedidos ao banco relativos à destinação de verbas publicitárias para veículos ligados a parlamentares da base governista na Assembléia Legislativa.
Segundo o promotor Sérgio Turra Sobrane, que apura irregularidades na destinação da verba publicitária do banco, Roger Ferreira deve ser chamado a prestar depoimento ao MP.
Roger Ferreira divulgou nota afirmando que "a comunicação da Nossa Caixa é de inteira responsabilidade da Nossa Caixa" e que, "como empresa cotada na Bolsa de Valores, a Nossa Caixa não tem nenhuma subordinação formal ou informal, no que se refere à comunicação, a nenhuma instância ou pessoa exterior à empresa". A Nossa Caixa também divulgou nota contestando o depoimento de Castro Júnior (leia aqui).
Nesta quarta-feira prestaram depoimento Castro Júnior, demitido em dezembro pelo atual presidente do banco, Carlos Eduardo Monteiro, e o atual diretor de marketing da Nossa Caixa, Mário Sérgio Moreira Lopes.
De acordo com o promotor, Castro Júnior disse ainda que em alguns casos, as "orientações" da Assessoria de Comunicação seriam para que o banco fizesse anúncios em veículos de comunicação ligados a deputados estaduais da base do governador Geraldo Alckmin. Mas esses anúncios seriam condizentes com o porte e a capacidade de circulação dos veículos.
Ainda segundo o depoimento de Castro Júnior, as agências Full Jazz Comunicação e Propaganda Ltda. e Colucci Propaganda Ltda. operaram sem contrato por aproximadamente um ano e meio e tanto o então presidente do banco, Valdery Frota de Albuquerque, como o atual, Carlos Eduardo Monteiro, saberiam do problema. No período, quase R$ 50 milhões teriam sido gastos em publicidade pelo banco.
Segundo Sobrane, o ex-gerente, que foi demitido por "mau procedimento", "desídia" e "indisciplina", dividiu sua responsabilidade com a diretoria do banco e disse que deu vários pareceres contrários a decisões tomadas posteriormente pela diretoria.
O promotor afirmou que Moreira Lopes confirmou ter recebido um telefonema do deputado estadual Wagner Salustiano (PSDB) em que o parlamentar teria se irritado ao receber uma negativa sobre um anúncio para um de seus veículos e que iria tratar "diretamente com o governador".
Tuma Júnior
Após prestar depoimento ao Ministério Público, Jaime de Castro Júnior iniciou um depoimento, no próprio prédio do MP, ao corregedor da Assembléia Legislativa, deputado Romeu Tuma Júnior (PMDB), que foi suspenso por volta das 21h30, a pedido da defesa de Castro Júnior, e deve ser retomado nos próximos dias.
Após prestar depoimento ao Ministério Público, Jaime de Castro Júnior iniciou um depoimento, no próprio prédio do MP, ao corregedor da Assembléia Legislativa, deputado Romeu Tuma Júnior (PMDB), que foi suspenso por volta das 21h30, a pedido da defesa de Castro Júnior, e deve ser retomado nos próximos dias.
Tuma afirmou que a sindicância promovida pela Nossa Caixa está "eivada de irregularidades" e que a falta de contrato entre o banco e as agências de publicidade não são "mera questão formal", como alegou o governo sim "caso de falta de licitação". Para Tuma Júnior, o caso é uma "aberração".
Ele afirmou que também acompanhou o depoimento de Castro Júnior ao MP e que em nenhum momento o ex-gerente de marketing do banco se contradisse, como alegou a Nossa Caixa em sua nota.
Tuma Júnior disse seu escritório político foi assaltado na madrugada de domingo para segunda-feira e que foram levados documentos relativos ao caso da Nossa Caixa e à apuração das irregularidades na doação de vestidos do estilista Rogério Figueiredo para a ex-primeira-dama Lu Alckmin. Ele disse que fez um Boletim de Ocorrência no 36° DP (Paraíso).
Fonte: Última Instância