Publicado 11/04/2006 15:54
"Seu jornal publicou ontem, com especial destaque, matéria com o título “Caixinha Vermelha”. A minha foto, com a indicação de ser “vice-presidente do PCdoB”, abria a matéria. Teria sido descoberto uso da estrutura da ANP, pelo “vice-presidente do PCdoB, que dirige a ANP”, para pressionar empresários do setor petrolífero a comprar convites para jantares que levantariam fundos para o Partido.
Essa “denúncia”, inteiramente vazia, mas elaborada talvez com um pouco mais de cuidado, foi publicada na Folha de São Paulo de 29 de setembro do ano passado. Agora, sete meses depois, ela está sendo, na linguagem jornalística, “requentada”.
Quando a Folha fez a “denúncia”, redigi despacho para a Corregedoria da ANP abrir Sindicância. A Sindicância foi feita e apurou que não havia nada. Das três empresas citadas pela Folha como tendo recebido pressões para compra de convites, duas negaram o fato pela própria Folha e outra em documento encaminhado à direção da ANP e daí à Sindicância.
A matéria anuncia, com alarde, que “Haroldo Lima, vice-presidente do PCdoB, dirige a ANP”. E, no entanto, eu não sou vice-presidente do PCdoB.
Ademais, diz, no que seria a denúncia mais forte da matéria: “O PCdoB detêm a maioria dos cargos importantes da ANP”. O organograma da Agência, acessível no seu site, mostra “os cargos mais importantes” da Agência: cinco diretores, um secretário-executivo e quinze superintendentes, vinte e um no total. Desses, membro do PCdoB, só há um, eu próprio.
Finalmente, quando prepara-se para listar os empresários que teriam sido “convencidos a contribuir com a arrecadação de fundos para o partido”, a matéria do Correio logo impressiona: “os exemplos são muitos”. E imediatamente dá o primeiro exemplo, o de uma entidade que, segundo o próprio Correio, informou ter “comprado convites” a pedido de uma parlamentar, que nada tem com a ANP. Ou seja, o primeiro exemplo não existiu. Logo vem o segundo exemplo, o de um empresário cuja matéria adverte que “pede o anonimato”, ou seja, o segundo exemplo não tem nome, nem nada. E quando se esperava que fosse aparecer algum outro exemplo, dos “muitos” que existiam, muda-se o assunto, vai-se atrás de uma reunião que teria ocorrido há mais de um ano em São Paulo e com a qual a ANP não tem nada.
A matéria registra declaração supostamente confirmadora da “denúncia”, a única por sinal, do Presidente do Sindigás, Sindicato das Distribuidoras de Gás, Sérgio Bandeira de Mello. O referido acaba de protocolar na ANP carta na qual declara “enorme descontentamento” ao ver matéria“que tenta macular a imagem de V. Sa. à frente da ANP” e, “ainda mais, tenta inserir a mim e ao Sindigás, entidade a qual presido, em uma rede de intrigas e maledicências.”
Sr. Editor,
A matéria com grande destaque divulgada pelo seu jornal no dia de ontem é falsa, leviana e irresponsável, como demonstrei acima. Faz parte do clima que se quer criar em nosso país, de que tudo é feito de forma escusa, a serviço de interesses sórdidos e onde bom é o órgão de imprensa que lança suspeitas em profusão, com o maior alarde, pouco se importando se são mentirosas ou não.
Espero que V.Sa., cumprindo a legislação em vigor, publique essa minha defesa.
Com indignação