Renúncia coletiva do Conselho de Ética não passou de propaganda
Muita espuma e praticamente nenhum fogo. Assim terminou o “levante” dos deputados que ameaçaram promover uma renúncia coletiva no Conselho de Ética da Câmara após a absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-
Publicado 07/04/2006 16:47
A ameaça de uma renúncia coletiva no Conselho de Ética da Câmara acabou não se concretizando. Dos nove deputados que iriam deixar as funções em protesto pela absolvição de João Paulo Cunha (PT-SP), apenas Orlando Fantazzini (PSOL-SP) encaminhou à Mesa Diretora da Casa seu desligamento.
Os outros cinco, Júlio Delgado (PSB-MG), Chico Alencar (PSOL-RJ), Benedito de Lira (PP-AL), e os suplentes Cézar Schirmer (PMDB-RS) e Cláudio Magrão (PPS-SP) dizem que vão entregar o pedido oficial apenas na semana que vem, mas poucos acreditam que a ameaça vá se concretizar.
Um dos mais exaltados e que acabou recuando da decisão foi o peemedebista gaúcho Cézar Schirmer, que foi o relator do pedido de cassação de João Paulo Cunha.
Ao falar com jornalistas, Schirmer deixou escapar a motivação política dos pedidos de cassação feitos pelo Conselho de Ética: “Se não cassaram o João Paulo contra quem havia provas irrefutáveis, como iremos votar o caso de José Mentor (PT-SP)?”, disse Schirmer, revelando que não há motivos para o pedido de cassação do deputado petista.
A maioria dos deputados recuou da decisão de renunciar, dizem eles, após um apelo do presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), para que não “abandonsassem o barco” antes de encerrados os dois últimos processos referentes ao esquema do suposto “mensalão”, contra Vadão Gomes (PP-SP) e José Janene (PP-PR).
A suposta rebelião do Conselho de Ética virou manchete nas edições de hoje dos principais jornais do país. Era tudo o que os “indignados” deputados queriam, segundo alguns integrantes da base aliada. A hipótese de que o “levante” não passava de uma artimanha matreira dos deputados “revoltosos” para conseguir espaço na mídia foi aventada ainda ontem pelo líder do PL na Câmara, Luciano Castro (RR). “Essa é uma renúncia promocional”, vaticinou ele.
José Carlos Araújo (PL-BA), também criticou a atitude dos colegas membros do Conselho. “Quando fomos indicados para o Conselho, sabíamos a regra do jogo, que se pode ganhar ou perder no plenário”, disse.
Até agora, dos 11 processos em que o Conselho recomendou a cassação, o plenário já votou 9 e mudou seis conclusões, confirmando apenas a cassação de José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro Corrêa (PP-PE). O Conselho propôs duas absolvições, que foram seguidas pelo plenário.
Da redação,
com informações das agências