Federação italiana pune Internazionale por racismo da torcida
A Federação Italiana de Futebol (FIGC) puniu a Internazionale de Milão com uma multa de 25 mil euros, cerca de R$ 65 mil, por gritos racistas de sua torcida contra o jogador marfinenese Marco Zoro, na partida contra o Messina, válida pelo Campeoanto Itali
Publicado 05/04/2006 09:22
Esta semana a comissão disciplinar da Federação Italiana de Futebol (FIGC) puniu a Internazionale de Milão com uma multa de 25 mil euros, cerca de R$ 65 mil, por gritos racistas de sua torcida contra o jogador marfinenese Marco Zoro, na partida contra o Messina, válida pelo Campeoanto Italiano, realizada no último sábado. O clube foi advertido ainda que, em caso de reincidência dos atos racistas, as punições serão mais severas.
O incidente aconteceu apenas dois dias depois de a Fifa pôr em prática as novas medidas contra o racismo. De acordo com o novo código, haverá punição de três pontos perdidos para a equipe envolvida no primeiro caso de racismo. Serão seis pontos a menos na segunda infração do time. E está prevista a eliminação do clube da competição na terceira vez.
Em 27 de novembro do ano passado, o próprio Zoro foi alvo de insultos da torcida da Internazionale, em Messina. Na ocasião, o jogador quis abandonar o campo, mas seus companheiros o convenceram a continuar na partida. No final de dezembro, quatro torcedores do clube foram julgados pelo caso e condenados a cinco anos de proibição de comparecer ao estádio.
No Brasil punição é branda
Durante um jogo entre o Grêmio de Porto Alegre e o Juventude de Caxias do Sul, em 5 de março pelo campeonato gaúcho na cidade de Caxias doi Sul, o zagueiro do time local, Antonio Carlos, veterano jogador que já passou por clubes como Palmeiras, Corinthians e também pela Seleção Brasileira, foi expulso após ter agredido o jogador Jeovânio, do Grêmio. Ao ser expulso, o jogador do Juventude ofendeu Jeovânio e foi objeto de protestos e da indignação dos torcedores.
A Federação Gaúcha de Futebol puniu Antonio Carlos com a suspensão por 120 dias, por causa da agressão, e por mais 4 jogos, por racismo. O jogador gremista, que esperava, no mínimo, que o zagueiro sofresse a pena máxima, que poderia chegar a 540 dias, ficou revoltado. "O código tem de ser modificado, pois daqui a pouco vem um outro, me chama de 'macaco' e pega apenas quatro jogos de suspensão", reclamou.
Jeovânio lembrou que, durante sua defesa, Antônio Carlos falou sobre o quanto sua família vinha sofrendo pelo fato de ele ter sido apontado na mídia como racista. "Mas e a minha família? Ela não sofreu a humilhação?", perguntou o jogador do clube portoalegrense.
Jogador experiente, 36 anos, Antônio Carlos Zago, estava incurso em dois artigos. O 253, por agressão física, que previa suspensão de 120 a 540 dias; e o 187, ofensas morais e injúria, esse podendo resultar de 30 a 120 dias de suspensão. No primeiro caso, foi analisado a cotovelada aplicada em Jeovânio, e como o jogador era primário, pegou os 120 dias.
"Atitude não desportiva"
No segundo, os gestos que haviam sido interpretados como racistas — pois o zagueiro do clube da Serra esfregou o dedo na pele, atitude reconhecidamente preconceituosa, e além disso gritou a palavra "macaco", como mostrou a imagem da televisão — acabaram absurdamente desqualificados para o artigo 258 que fala apenas em "atitude não desportiva", o que resultou em mais quatro jogos de suspensão.
Vídeos não faltaram durante o julgamento, que durou quase quatro horas. Primeiro o que mostrava as agressões, depois, um apresentado pelo advogado do Juventude e de Antônio Carlos, Alexandre Borba. Esse continha depoimentos de jogadores e funcionários do clube, todos negros, defendendo o companheiro. O Tribunal não excluiu que empregados do clube dessem depoimentos. A pressão do empregador contra o funcionário que desmentisse o acusado não foi levada em conta.
Jeovânio, que foi a vítima do episódio, esteve no Tribunal de Justiça Desportiva e ficou sentado próximo a Antônio Carlos, mas prometera não perdoar esse e, confirmando sua decisão, sequer olhou para o colega de profissão.
A Federação Gaúcha, e seu Tribunal, ignorou solenemente a decisão da Fifa. A entidade internacional de futebol decidiu modificar o código disciplinar para adotar sanções mais severas para casos de racismo no futebol. A Fifa incluiu no código que "cada confederação e associação membro deverá adotar as medidas em seus regulamentos. As associações que não respeitarem os artigos poderão ser privadas de toda competição internacional durante um prazo de dois anos".
Da redação, com agências